Os extremistas pró-Bolsonaro que invadiram e depredaram os prédios dos Três Poderes neste domingo (8) na capital federal agrediram pelo menos nove profissionais da imprensa, segundo dados do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJPDF). Uma repórter fotográfica do portal Metrópoles chegou a ser derrubada e espancada por 10 homens, além de ter o equipamento de trabalho danificado.
Outra profissional, desta vez da revista New Yorker, foi agredida com chutes e derrubada no chão. Ela foi socorrida, na sequência, por seguranças do Ministério da Defesa. A truculência da tropa bolsonarista atingiu também um repórter do jornal O Tempo, que foi atacado por criminosos que chegaram a apontar uma arma de fogo para o profissional dentro no Congresso Nacional.
Já um trabalhador da TV Band teve o aparelho celular destruído enquanto registrava os ataques dos extremistas com a câmera do equipamento. Três outros repórteres, sendo um da Agência France Press, outro da Agência Reuters e o outro da Folha de S. Paulo, tiveram os materiais de trabalho roubados, com um deles tendo sido fisicamente agredido pelos bolsonaristas.
Além disso, uma jornalista que colabora com o portal Brasil 247 chegou a ser ameaçada pelos extremistas pós-golpe e foi obrigada a apagar os registros da invasão que haviam sido feitos no celular. As agressões também atingiram um repórter da Agência Brasil, que teve o crachá puxado pelas costas enquanto registrava a depredação dos prédios. O profissional ficou com escoriações no pescoço.
“Infelizmente, as forças de segurança não cumpriram o seu papel. Nós esperamos que elas possam retomar o controle da situação e orientamos os nossos colegas a registrarem Boletim de Ocorrência sobre o que aconteceu. Colocamos a nossa assessoria jurídica do sindicato à disposição e fazemos também um apelo pra que as empresas também prestem todo o apoio necessário e avaliem ainda hoje e nos próximos dias as condições de segurança pra que as equipes estejam nessa cobertura”, disse ao Brasil de Fato a dirigente Juliana Nunes, da coordenação-geral do SJPDF.
Em nota conjunta divulgada logo após o ocorrido, o SJPDF e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) atribuíram as ocorrências ao que chamaram de “inoperância” do governo do Distrito Federal, comandando pelo governador Ibaneis Rocha (MDB), e pelos setores de segurança pública e Forças Armadas.
“Permitiram a escalada da violência e se mostraram coniventes com os grupos golpistas, que não respeitam o resultado das eleições, a Constituição e a democracia. Lembramos que, por diversas vezes, o sindicato cobrou das empresas e da Secretaria de Segurança Pública do DF medidas cabíveis para garantir a segurança das trabalhadoras e dos trabalhadores da imprensa. No entanto, as agressões de hoje demonstram que, mais uma vez, isso não ocorreu”, emendam as entidades, no documento.
Fascismo à brasileira
As agressões a jornalistas são uma prática tipicamente autoritária e associada ao bolsonarismo. Os ataques a profissionais do segmento aumentaram exponencialmente sob o governo do ex-capitão Jair Bolsonaro (PL), que esteve no poder entre 2019 e 2022. Entre 2018 e 2021, por exemplo, o número de ocorrências saltou de 135 para 430, segundo acompanhamento feito pela Fenaj. Dos 430 mencionados, 147 partiram diretamente do ex-presidente extremista, o equivalente a 34% do total.
Reportagem de Cristiane Sampaio, da Brasil de Fato.
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