Na primeira reunião da CPI dos Atos Antidemocráticos na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), nesta terça-feira (14), os deputados distritais aprovaram a convocação do ex-secretário de Segurança Pública do DF (SSP-DF) Anderson Torres. Além disso, a CPI aprovou a quebra de sigilos bancário, fiscal e telemático do próprio ex-secretário. Também ex-ministro da Justiça no governo Bolsonaro, Torres está preso desde 14 de janeiro, sob suspeita de facilitar a atuação dos golpistas.

A comissão vai investigar não apenas a tentativa de golpe que culminou com a invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, como também os atos de vandalismo que ocorreram no dia 12 de dezembro, na capital federal.

No dia da diplomação do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em 12 de dezembro, bolsonaristas queimaram cinco ônibus e três carros e tentaram invadir a sede da Polícia Federal. Assim como ocorreu quase um mês depois, a Polícia Militar do DF se omitiu diante dos atos de vandalismo. Naquela ocasião, ninguém foi preso.

Nesse sentido, a CPI também aprovou as seguintes convocações:

  • Júlio de Souza Danilo, ex-secretário da SSP-DF quando ocorreu o “ensaio geral” da tentativa de golpe em 8 de janeiro;
  • Fernando de Sousa Oliveira, ex-secretário executivo da SSP-DF;
  • Coronel Fábio Augusto Vieira, ex-comandante da Polícia Militar do DF;
  • Marília Ferreira, ex-subsecretária de Inteligência da SSP-DF;
  • Coronéis da PM-DF Jorge Eduardo Naime e Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues;
  • Tenente-coronel da PM-DF Jorge Henrique da Silva Pinto.

Os deputados definiram ainda que as reuniões da CPI serão realizadas às quintas-feiras de março, às 10h.

Em busca da verdade

Além da atitude omissiva dos agentes públicos, o parlamentar afirmou que a CPI quer saber quem financiou, e por quais motivos, os atos antidemocráticos, “para que nunca mais isso venha a acontecer nesse país”.

O relator da CPI, deputado Hermeto (MDB), frisou que a maioria dos vândalos era de fora de Brasília. De acordo com o deputado distrital Fábio Felix (Psol-DF), que também integra a comissão, os trabalhos da CPI tem “uma importância enorme” para a democracia brasileira. Para ele, os atos foram estimulados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, ao não reconhecer a derrota nas urnas. E também criticou a omissão do governo local.

A CPI requereu ainda que a Polícia Militar informe a relação de policiais que estavam designados para o acompanhamento dos atos. Além disso, a Corregedoria da PM-DF deve compartilhar todos as informações referentes às investigações internas sobre a atuação da tropa no 8 de janeiro. Do mesmo modo, a Polícia Civil do Distrito Federal (PC-DF) também deve enviar à comissão os dados de todas as investigações em curso.

Também solicitou à Câmara dos Deputados e ao Senado as imagens internas e externas da invasão. A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) também deve enviar aos parlamentares os alertas que foram feitos para a SSP- DF, sobre o risco de invasão.

Relógio destruído

Outro personagem na mira da CPI é Antônio Cláudio Alves. Trata-se do homem que destruiu o relógio do século 17 durante a invasão ao Palácio do Planalto. Os deputados distritais também decidiram quebrar os sigilos bancário, fiscal e telefônico do vândalo golpista, que está preso desde o dia 23 de janeiro.

O relógio de pêndulo, feito por Balthazar Martinot – relojoeiro do rei francês Luís XIV – foi presente da Corte Francesa para Dom João VI. Na semana passada, a Embaixada da Suíça ofereceu apoio para intermediar o conserto da peça, já que o país possui restauradores especializados.

Reportagem de Rede Brasil Atual.

guazelli

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