Numa confusão generalizada no Itamaraty, em Brasília, no fim da tarde desta terça-feira (30), após uma entrevista coletiva do presidente venezuelano Nicolás Maduro, agentes do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI), composto quase totalmente por militares, agrediram jornalistas que cobriam o evento. A repórter Delis Ortiz, da TV Globo, teria recebido um soco no peito de um desses guarda-costas.

As informações ainda são preliminares e desencontradas, mas a maior parte dos profissionais de imprensa presentes na entrevista do líder de Caracas afirmam que seguranças de Maduro também teriam participado das agressões dentro do prédio do Ministério de Relações Exteriores.

As imagens não registram a agressão a Delis, mas mostram um empurra-empurra e muito bate-boca, com agentes brasileiros agindo com truculência contra os jornalistas, que gritam e reclamam do tratamento violento empregado. Numa das cenas, os homens do GSI, e também uma mulher do órgão, fazem uma espécie de escudo humano e saem arrastando tudo que encontram pela frente.

A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) emitiu uma nota curta nas primeiras horas desta noite admitindo o ocorrido, repudiando a violência empregada e prometendo tomar medidas em relação ao ato covarde.https://d-41295540642578674928.ampproject.net/2305182038000/frame.html

“Secretaria de Imprensa da Presidência da República se solidariza com a jornalista Delis Ortiz e repudia toda e qualquer agressão contra jornalistas. Todas as medidas possíveis serão tomadas para que esse episódio jamais se repita”, diz o comunicado.

O Ministério de Relações Exteriores também se pronunciou por meio de nota. O Itamaraty afirmou que cooperará com o governo federal para apurar o episódio, prometendo punição aos responsáveis.

“O Ministério das Relações Exteriores lamenta o incidente no qual houve agressão a profissionais de imprensa, ao final da Reunião de Presidentes da América do Sul. Providências serão tomadas para apurar responsabilidades”, afirma a chancelaria brasileira.

Pivô na crise institucional que culminou com a tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro, quando as sedes dos três poderes foram invadidas e destruídas em Brasília, assim como pelas arruaças golpistas ocorridas em 12 de dezembro do ano passado, no dia da diplomação de Lula, o GSI viu suas atribuições serem esvaziadas após a posse do petista, que, desconfiado, deu sua segurança pessoal para a Polícia Federal, por meio da Secretaria Extraordinária de Segurança Imediata (SESP).

Agora, com novo comandante, o ministro-chefe Marcos Antonio Amaro dos Santos, que é general da reserva do Exército Brasileiro, o GSI procura persuadir a administração de Lula para retomar suas atribuições em relação à proteção do chefe de Estado, já que o decreto que estabeleceu a SESP vence no dia 30 de junho.

Reportagem de Henrique Rodrigues, da Revista Fórum.

guazelli

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