Em interrogatório na Justiça Estadual do Paraná, o engenheiro Maurício Fanini, ex-diretor da Secretaria de Estado da Educação (Seed), disse na última terça-feira (22/08), enquanto negocia acorde de delação premiada, que ajudou a sustentar um esquema de arrecadação de propina para alimentar interesses pessoais e eleitorais do ex-governador Beto Richa, atualmente candidato ao Senado pelo PSDB. Fanini também relatou que recebeu ameaças da ex-primeira dama, Fernanda Richa. O depoimento foi obtido em primeira mão pelo jornalista Pablo Fernandez, da rádio BandNews FM.
Réu em processos da Operação Quadro Negro, que apura um esquema de corrupção que envolve obras em escolas estaduais, Fanini busca um acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República. Ao ser interrogado na 9.ª Vara Criminal, em Curitiba, em uma das ações penais decorrentes da Quadro Negro, o engenheiro disse que algumas pessoas próximas a Richa o procuraram exigindo que permanecesse em silêncio.
Entre elas, a esposa do ex-governador, que teria chegado a dizer que os repasses de recursos a Fanini seriam mantidos, mesmo depois de deflagrada a Operação. “A Fernanda interpelou a minha esposa na praia, em Caiobá, e falou que eu deveria contar tudo que eu sabia e instigou isso por diversas vezes. E ela falou assim que quando eu falar tudo que eu sabia a respeito, que eu revelasse à Quadro Negro eu ia saber quem realmente o governador, o Beto Richa, era. Uma ameaça velada. Depois, num outro encontro mais recente, em 2017, no dia 10 de junho de 17, no Graciosa também, ela reafirma que os repasses que eu vinha recebendo para ficar calado iriam continuar. Tenho testemunhas desse ocorrido também. Ela foi duas vezes na nossa mesa e falou isso duas vezes para mim”, relata.
O processo no qual Fanini foi interrogado na terça-feira (22/08) trata de contratos para a realização de obras na Escola Estadual Tancredo Neves, em Coronel Vivida, no Sudoeste do Paraná, e Colégio Estadual Professor Linda Bacila, em Ponta Grossa, na região Central. Ele se classifica como parte de uma ‘engrenagem’ arrecadadora de propinas para o grupo político do ex-governador Beto Richa, inclusive para enriquecimento pessoal.
Em nota, Richa e a ex-primeira dama afirmam que as declarações de Fanini, um réu confesso, são“totalmente inverídicas”. De acordo com o casal, o depoimento não acrescenta qualquer novidade ao caso. Beto e Fernanda Richa argumentam ainda que, desde setembro, Fanini vem tentando obter os benefícios de uma delação firmada com a PGR.
Segundo a nota, a Procuradoria teria se negado a celebrar acordo diante da ausência de fundamentos, declarações falsas, versões mentirosas e que mudam a cada depoimento.
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